27 de dez. de 2011

A força das ondas

 
imagem: weheartit


        Às vezes, um impulso de estranha coragem me atinge. Bate na minha quietude como jato d'água em rocha; que treme. E muda, por um segundo. 
        Não fico muda. A voz destemida escapa entre os lábios, rasgando sem dor, a garganta. Depois me percebo "descorajosa" e penso com meus botões folgados: "Como fiz aquilo? De que lado veio a força impulsionadora? Por onde passou até chegar a mim? Como eu não pude ver?"
          E, em algum tempo, chego à conclusão de que o melhor aconteceu. E ainda virá mais. Porque, graças a Deus, às vezes sou distraída.


by Rachel Nunes*

23 de dez. de 2011

Ainda é primavera.

imagem: weheartit


Lâminas de fogo dilaceram o mar.
Fazem escorrer o sangue do ar que evapora.
Há uma vontade de viver que sobrevive. 

Em algum canto deste coração,
Uma esperança floresce em meio à escuridão.

E sei que a flor ainda não morreu.
O rio só secará quando vida e morte não mais se encontrarem.
A pipa só cairá no dia em que a noite adormecer sem lua.

Porque é preciso haver morte na vida 
E vida na morte.
Assim como o fim do dia
Não acontece sem a anfitriã dos astros.

A flor vai murchar, no mesmo instante que a necessidade deixar o ser.


by Rachel Nunes*

9 de dez. de 2011

Para onde as rimas foram?

imagem: weheartit


Turva, turva,
A mente balança tanto.
Estremeço na terra
O que falta no ar.

Necessito respirar,
Já cansei de esperar.
Minha alma arfa
E meu coração sofre.

Procuram a vida
No meio dos espinhos da morte.

Eu busquei tanto o seu "sim"
Que me esqueci de mim.

Eu chorei tanto 
Que perdi a trajetória.
E entrei no atalho,
Porque eu quero chegar.

Desejo encontrar 
A luz dos seus olhos
No fim desse tormento.

Eu anseio 
Pelo começo do seu amor.
Porque há tempos
O meu nasceu.

Eu estiquei cansadamente 
Os braços para tocar-te,
Mas não alcancei.

Caí no lago
E descobri
Que você era apenas uma ilusão.


O reflexo lunar na água ofuscou os meus sentidos.


by Rachel Nunes*

4 de dez. de 2011

Luz no poço.

imagem: tumblr


Há tanta poesia dentro de mim...
Tantas palavras presas na garganta.
Entaladas.
Envoltas em uma mão suprema que sabe o que não consigo entender,
Por não enxergar ou não querer aceitar.

Uma compreensão, por favor.
Um sentimento que não gere rancor,
Uma pureza que sempre quis,
A claridade que refiz.

Uma lupa e um mapa.
Meios de encontrar o que não sei se realmente procuro,
Mas que é preciso.
Eu tenho que buscar.


Às vezes, a procura já é suficiente.


by Rachel Nunes*