imagem: weheartit
Lá estava:
Pisando em espinhos,
Pintando flores
(Sem cor)
Amassando papéis de carta,
Enviando ar por baixo da porta,
Em sonhos, fabricando chaves,
Nos olhos, destacando verdades.
O que será desta mulher que não desiste?
Haverá ela de ver o que não há,
Só para mandar
E tentar
Ser, talvez, quem sabe,
Sendo doce,
A metade de um limão?
Terá que padecer
Para ser,
Além de viver,
Uma gota do rio
Ou a magia de um assobio?
Terá que esperar
O sangue coagular
Na mente sofrida
Estancar tudo o que restar
Até que o remédio chegue
Numa embalagem descartável
Enviada por caridade?
Acaso este é o destino da luta:
Buscar até o fim,
Perseguir com olhos abertos,
Mão atadas e coração partido?
Acaso os espinhos não poderiam ser macios
E a vida menos dura?
Quanto tempo dura,
Quando virá a cura
Para continuar buscando
Enquanto sorri sangrando
E corre atrás dançando?
Este, o medo de quem reprime,
A fonte de alegria dos que gritam,
É a fraqueza de quem bate.
A mão que açoita ao dia
É a mesma que enxuga as próprias lágrimas à noite;
Pela ausência de motivos que a vida encontra,
Pela inveja do brilho no semblante de quem muda
E evolui;
De quem chora, porque o respeito é nulo
Mas ri, porque a esperança é muita.
De quem tem fome
E grita.
Mas não se desespera,
Porque o que é bom vem com luta,
O que não serve,
Vem com defeito
Ou sem busca.
(Rachel Nunes)